
Sorocaba: campanha teve jogo “descalço”, viradas e fator surpresa
Equipe do técnico Clóvis Granado superou algumas adversidades na caminhada rumo ao acesso e à taça da Superliga B
A campanha que terminou com o título inédito do Renasce Sorocaba na Superliga B feminina de vôlei, após a vitória sobre o Tijuca Tênis Clube no tie-break, na última segunda-feira (7/4), foi marcada por fortes emoções e até mesmo um fato inusitado. As jogadoras chegaram a jogar descalças durante parte de um jogo da fase classificatória, devido ao piso escorregadio.
O episódio que ganhou repercussão nacional aconteceu no confronto contra o Natal Desportivo, disputado no último dia 10 de janeiro, no Palácio de Esportes Djalma Maranhão, na capital do Rio Grande do Norte. As jogadoras alegaram incômodo pela falta de estabilidade na quadra, causada pela umidade, e decidiram, após consulta à arbitragem, tirar os tênis, a começar pela ponteira Isabela Paquiardi. O Sorocaba venceu por 3 a 0.
A campanha da equipe paulista ficou marcada pela consistência: 11 vitórias e apenas duas derrotas na primeira fase, uma delas para o Tijuca, o rival na decisão. E a partida que valeu a taça mostrou toda a raça do Sorocaba, que protagonizou viradas incríveis e contou até com um fator surpresa vindo do banco.
Isso porque a ponta Camilly Salomé, um dos destaques do grupo na Superliga B, chegou para a final sofrendo com dores na panturrilha e precisou ser poupada. A atleta começou o confronto mais importante da temporada no banco, mas, quando entrou, liderou uma reação surpreendente das visitantes, que perdiam o primeiro set por 19-24 e acabaram vencendo por 28-26.
No quarto set, quando o Tijuca vencia por 2 sets a 1, Camilly foi escalada como titular e fez a diferença novamente. No tie-break, anotou pontos decisivos e comandou outra reação, quando as mandantes lideravam por 11-9. A jovem terminou o duelo como maior pontuadora, com 21 acertos, e deixou a quadra como uma das heroínas da taça.
“Jogamos com um time. O grupo é sensacional. Eu não pude estar o tempo todo em quadra, pois não estava 100% fisicamente, mas fiquei feliz de ter conseguido ajudar. Nossa união foi um diferencial”, comemorou Camilly, de apenas 21 anos.
Outro destaque da campanha que valorizou a força coletiva do Renasce Sorocaba foi a experiente Isabela Paquiardi, de 33 anos.
“Esse projeto é muito especial. Depois de tantos anos, alcançar a elite era o que todo mundo sonhava, o Clóvis (Granado), que faz um trabalho incrível já há muito tempo, então é uma emoção mesmo. Acho que a gente superou muitos desafios, esse jogo não ia ser diferente. É só um pouco do que a gente fez na trajetória inteira. O grupo sempre foi muito unido, então a gente sabia apanhar e a reverter os placares”, disse Paquiardi.
A festa da classificação para a Superliga 2025/2026 e do título da Superliga B foi especial para uma cidade que respirou o melhor do vôlei brasileiro na década de 90 e agora volta a ter um representante na elite. Para Clóvis Granado, a história escrita é motivo de orgulho.
“Esse time foi construído com muito amor e carinho. O desafio era diário. O nome do projeto é Renasce Sorocaba, para trazer a lembrança de 1994 e 1995, quando a cidade tinha um time muito grande, com Ana Moser, Fernanda Venturini, Ana Paula, Silvana. Essas meninas compraram a ideia do projeto. A gente se preocupa com o ser humano, com o bem-estar delas, com alimentação, moradia, assistência médica. Então, o meu sentimento hoje é de orgulho pelo que elas fizeram dentro da quadra. E se tivesse perdido, o sentimento seria o mesmo, pois elas deram o melhor na partida”.