Superliga e sua rodada mais surpreendente
A quarta rodada do segundo turno já ganhou o rótulo de a mais surpreendente da Superliga feminina 24/25. O Flor de Ypê/Paulistano/Barueri ganhou do Dentil/Praia Clube, o Unilife Maringá levou a melhor sobre o Gerdau Minas, enquanto o Fluminense bateu o Osasco/São Cristóvão Saúde, em um duelo com grau menor de favoritismo, tudo isso deixando o Sesi Bauru na liderança.
Com exceção de Flu x Osasco (sexto versus o quinto), as duas principais zebras da rodada reuniam times muito distantes na classificação. O Praia, líder durante muito tempo, entrou em quadra como segundo colocado e enfrentava o 11º e penúltimo. Já o Minas, terceiro e podendo assumir o primeiro em caso de triunfo, duelou contra o então oitavo. O que todos os jogos citados acima têm em comum?
1) O atual nível de jogo dos primeiros colocados não reflete, na prática, a diferença enorme de pontos entre os times na classificação da Superliga.
Vejam: o Praia soma 22 pontos a mais do que o Barueri: 35 a 13. É muita coisa. São oito vitórias a mais das mineiras em 15 rodadas. E, se um marciano chegasse ontem ao Planeta Terra diretamente para o José Corrêa, imaginaria que o vice-líder da Superliga, com o melhor elenco do país, era o vencedor do quarto set por incríveis 25 a 10.
Já o Minas, que uma rodada antes saiu perdendo em casa por 2 a 0 do Brasília, salvou match points e virou, voltou a oscilar demais e desta vez perdeu. Méritos do Maringá, obviamente, e sinal de alerta ligado em BH. Eram 21 pontos de diferença entre os dois times antes do confronto.
2) As questões físicas estão pesando. Não dá para comparar o calendário de Praia e Minas com os demais times brasileiros. A preparação para disputar um Mundial em dezembro, na China, buscando um primeiro ápice tão cedo na temporada, tem cobrado um preço alto. E muitos reflexos são vistos, com desfalques, lesões, improvisações… E assim um nível de jogo aquém do que Marcos Miranda e Nicola Negro projetavam.
3) Historicamente, o returno de uma Superliga costuma ser mais equilibrado. A pressão para entrar no G8 ou escapar do rebaixamento vira um fator extra na equação para quem está nesta faixa da classificação. E Batavo Mackenzie, Maringá, Barueri, Brasília e até o Pinheiros evoluíram em relação ao turno e estão mostrando mais maturidade nos duelos com os favoritos.
4) Muito já foi falado sobre o equilíbrio desta Superliga antes mesmo do início da temporada. Com o passar do tempo, foram criados dois blocos muito distantes um do outro: o do G6 e a disputa entre sétimo e 11º. E aquela sensação de dois mundos completamente diferentes. Hoje a diferença fica apenas no papel, com muitos outros exemplos de times do “grupo mais fraco” levando a melhor sobre o “mais forte”. Vide Sesc RJ Flamengo x Barueri, Osasco x Pinheiros e por aí vai…
Dito isso, os vôleifãs dos primeiros colocados, aqueles com maiores orçamentos e consequentemente ambições distintas dos demais, correm o risco de ver mais exemplos como os citados acima se repetindo. E assim vamos viver os momentos mais imprevisíveis da temporada brasileira.
Por Daniel Bortoletto