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Destaques - Seleção Brasileira - 10 de maio de 2020

Texto do pós-jogo de Brasil x Rússia, em 7/8/2012

Como Daniel Bortoletto viu a épica partida nos Jogos de Londres


Será que perdi alguns leitores do blog após o cardíaco Brasil 3 x 2 Rússia? Espero que todos tenham se recuperado de um dos jogos mais tensos que vi na minha vida.

Que jogaço de vôlei! Brasileiras e russas defenderam como asiáticas em grande parte do confronto. Fabi, tão criticada por muitos aqui neste espaço, inclusive, foi uma das principais responsáveis pelo show de defesas. Vários rallies mereciam ter dois vencedores, não acham?

O volume de jogo fez também com que os ataques fossem testados. O fundamento que tanto deixou o Brasil na mão em outros jogos agora foi decisivo. Jaqueline foi importante no início do clássico, Fernanda Garay cresceu na reta final, Thaisa foi quase perfeita pelo meio e Sheilla chamou toda a responsabilidade no tie-break. Poucas vezes vi a oposto tão vibrante, gritando e voltando a ter uma atuação decisiva. Foi a peça que nos fez falta em outras ocasiões.

E o que dizer, meus caros amigos e amigas, da atuação de Dani Lins?

Levantadora que virou vidraça, cotada para corte, foi reserva de Fernandinha e que muita gente desceu a lenha… Hoje ela teve uma atuação cerebral em 90% do jogo. Soube variar a escolha das atacantes, atuou taticamente muito bem pelo meio e evitou repetir jogadas com companheiras que ficavam no bloqueio ou erravam ataques. Uma atuação para ficar muito tempo na memória de Dani Lins e servir como parâmetro para o futuro. Talvez ela passe a acreditar mais em seu jogo a partir de agora.

Deixar passar o calor da vitória transforma um pouco este post, principalmente por ter ouvido as entrevistas de Zé Roberto Guimarães e das jogadoras.

Impressiona como a Rússia estava entalada na garganta deste time.

– Tivemos de provar uma coisa, infelizmente, mesmo ganhando da Rússia por 3 a 0 na Olimpíada passada, em Grand Prix, perdemos nos Mundiais de 2006 e 2010. E no Brasil infelizmente pessoas colocam esse estigma da Rússia, da Gamova… Acabou. Agora é pensar no Japão – disse Zé Roberto, após dar peixinhos em quadra para comemorar a vitória.

Me chamou muito a atenção o desabafo de Thaisa, claramente insatisfeita com os comentários pré-jogo.

– Quer saber, vou arregaçar com o time de lá para mostrar quem é a amarelona. Falar que a gente amarela é muito fácil – muito irritada com mensagens e críticas que disse ter lido nos últimos dias.

Desabafos à parte, uma coisa precisa ficar bem clara. O Brasil mereceu, sim, críticas pelo desempenho que apresentou em grande parte da primeira fase. Não vou repeti-las aqui. Mas concordo e também já escrevi sobre isso que o brasileiro exagera ao tratar qualquer derrota como uma amarelada. Devagar, pessoal! Após as quartas de final, esse mesmo time que foi criticado merece os elogios. Foi frio, como verdadeiras russas, em um tie-break marcado por seis match points para as rivais. Não sentiu a perda dos sets e soube reagir dentro do quarto, quando parecia que a vaca tinha ido para o brejo. E voltou a impor respeito, como um verdadeiro campeão olímpico.

Contra o Japão, totais chances de conseguir uma vaga na final. E, provavelmente, reencontrar as americanas, que vão pegar a Coreia do Sul.

Por fim, alguns números que me chamaram a atenção no clássico:

Sokolova: 28 pontos. Goncharova: 25. Gamova: 25. Restante do time russo: 13

Thaisa + Fabiana: 39 pontos no total, 8 deles no bloqueio. Total russo no block: 9 pontos

Fernanda Garay: 80,95% de aproveitamento na recepção

Apenas Sheilla (23 pontos no ataque, dois no bloqueio e dois no saque) e Gamova (22 pontos no ataque, dois no block e um no saque) pontuaram em todos os fundamentos

Por Daniel Bortoletto, publicado no dia 7 de agosto de 2012, no LANCE!