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Destaques - Entrevista - 14 de julho de 2021

Tifanny: “As pessoas só querem nos ver na sarjeta”


Entrevistada da minissérie ‘Dor & Glória’, do podcast, “Mamilos”, disponível na Globoplay, a oposta/ponteira Tifanny, 36 anos, primeira atleta trans a disputar a Superliga Feminina de Vôlei, falou sobre as dificuldades na transição de gênero e a relação com o preconceito.

– Nós, mulheres trans, somos desumanizadas. As pessoas só querem nos ver na sarjeta – disse Tifanny.

– Se qualquer mulher trans estiver com o nome na mídia, com alguma visibilidade, os haters vão em cima. Eles vivem inventando histórias porque não aguentam ver a pessoa alcançando sonhos e lutando por seus objetivos – completou.

A proposta de “Dor & Glória” é investigar fragilidades de quem vive o esporte de alto nível. No caso de Tifanny, a história começa com a infância, o início tardio no vôlei, a trajetória em ligas masculinas fora do Brasil e as dificuldades na transição de gênero. Ela vivia na Europa quando fez o processo e achou que esse fosse o fim de sua carreira esportiva.

– A gente não sabia como fazer a transição, a gente não sabia que médico procurar, a gente não tinha noção do que eram as coisas. A gente não via uma mulher transexual fazendo algo na TV. Se eu estou hoje no esporte é porque outras meninas lutaram no passado por direitos. Eu estou só seguindo o passo delas – diz Tifanny, que na próxima temporada trocou o Sesi Bauru pelo Osasco São Cristóvão Saúde.

No segundo ano de transição, Tifanny começou a descobrir histórias de mulheres trans no esporte. Foi um caminho para que ela voltasse a frequentar as quadras de vôlei, mas também uma porta para os discursos de ódio. Apesar disso, a atleta conta que recebeu um apoio enfático,  principalmente de representantes do movimento LGBTQIA+.

– Isso me deu muito mais força do que as críticas ou os comentários machistas e transfóbicos – diz.