VNL feminina: quem vai com tudo e quem vai poupar
Uma análise sobre os elencos inscritos na Liga das Nações feminina
Com a oficialização dos elencos inscritos na Liga das Nações feminina, ficou clara a estratégia das seleções. Um grupo de potências mundiais disputará a VNL com força máxima, enquanto outro esconderá o jogo ao deixar as principais atletas fora da única competição pré-olímpica em dois anos.
Certamente as duas opções possuem prós e contras. Ter força máxima na Liga das Nações ajudará várias seleções com ganho de entrosamento e ritmo de jogo para Tóquio, além de permitir aos treinadores tirarem dúvidas para o fechamento do elenco de 12 atletas olímpicas. Já quem ficará em casa, “quietinho”, alega que as atletas vieram de uma temporada extenuante e precisam de um pouco de descanso. Um lado alega que o outro corre mais risco de lesão e ouve que a VNL é a única oportunidade em dois anos para fazer ajustes finos para o objetivo maior, a Olimpíada.
A Seleção Brasileira está no grupo de quem irá com força máxima para a bolha de Rimini. José Roberto Guimarães usará a Liga das Nações para tentar colocar em quadra seu time ideal, algo que não conseguiu durante todo o ciclo olímpico. Antes da pandemia, ele sonhava em ver juntas Tandara, Gabi e Natália. A capitã, com uma fratura no dedo, perderá o início da competição. Será possível ver então uma formação com Fernanda Garay, capaz da dar à linha de passe uma estabilidade importante para Macris impor seu já conhecido estilo veloz de jogo.
Será possível também testar duas peças muito esperadas pelos fãs: a jovem Ana Cristina, em sua estreia internacional aos 17 anos, e Rosamaria, vindo de duas temporadas de destaque, na saída de rede, na Itália. Além disso, o meio de rede, infelizmente sem Thaísa, terá uma interessante disputa entre cinco atletas pelas prováveis três vagas em Tóquio.
O mesmo pode ser dito da seleção dos Estados Unidos. Kiraly terá força máxima na VNL e terá desafios semelhantes aos de Zé Roberto para fechar seu elenco olímpico. Nas pontas, Larson, Hill, Bartsch-Hackley, Robinson, Wilhite e Plummer disputam, provavelmente, quatro vagas. Com uma concorrência assim, Megan Courtney terá de arrumar sua vaga como líbero.
A Rússia, tentando ser protagonista novamente, também inscreveu suas estrelas. As experientes Goncharova, Kosheleva, Startseva e Koroleva estarão em quadra. Mas existe um processo mais profundo de renovação, que fará um mix interessante de jovens nascidas nos anos 2000: Fedorovtseva (2004), Gorbunova (2003), Matveeva (2002), Brovkina (2001) e Pipunyrova (2000).
Turquia e República Dominicana, presenças constantes nas competições internacionais e com capacidade para endurecer jogos com os favoritos, também estarão em Rimini com suas melhores atletas.
Itália e Sérvia radicalizaram e terão na VNL equipes completamente reservas. Nada de ver Egonu, Boskovic & Cia, em ação. Esconderão o jogo para Tóquio, com suas estrelas treinando, quietinhas, com foco exclusivo em Tóquio. Sobrará fôlego e faltará ritmo de jogo na Olimpíada? A ver.
E o que dizer da China? Enquanto a maioria das seleções elencou entre 17 e 18 jogadoras para a VNL, a lista de Lang Ping, no site da FIVB, apresenta apenas 13 nomes. Não aparece Ting Zhu, a camisa 2, capitã e referência das atuais campeãs olímpicas. Também não fazem parte Yingying Li (ponteira) e Xia Ding (levantadora). Conhecida por esconder o jogo, não surpreende a tática chinesa.