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Destaques - Entrevista - 27 de maio de 2020

Zé Roberto: “Macris tem condição de ser uma das melhores do mundo”

Zé elogia a personalidade da Macris e pondera: "precisa melhorar a defesa"


Em entrevista ao programa “Os Canalhas”, do canal UOL, comandado pelos jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, o técnico da Seleção Brasileira, José Roberto Guimarães, falou que a levantadora Macris, do Itambé Minas, está, hoje, um passo à frente das demais jogadoras da posição na corrida pela titularidade para Tóquio-2021.

O treinador tricampeão olímpico – em Barcelona-1992 com a Seleção Masculina e em Pequim-2008 e Londres-2012 com a Feminina – disse ainda que a “vegana”, de 31 anos, eleita cinco vezes a melhor levantadora da Superliga e melhor levantadora da Liga das Nações do ano passado, tem tudo para se tornar uma das melhores do mundo, pela sua dedicação e por ser uma das atletas mais focadas nos treinos.

– Hoje, acho que a Macris está um passo a frente – disse Zé Roberto, quando questionado sobre a corrida olímpica na posição.

Ele fez questão de esclarecer o fato de que não tem problema pessoal com a camisa 3 do Minas:

– É interessante, porque muita gente diz assim: “Pô o Zé não gosta da Macris, o Zé tem problemas com a Macris”. As pessoas não sabem e vão atirando. Eu tenho o maior carinho e respeito por todas as jogadoras. O fato de você, na hora do jogo, falar um pouco mais duro com uma ou com outra, faz parte do contexto ali dentro. É uma guerra, é uma luta pela sobrevivência. Não dá para chegar e dizer: “Por favor, a senhora poderia dar um passo para a lateral direita?” Aquilo foi treinado exaustivamente, foi estudado exaustivamente e a gente está no fio da navalha. Todo mundo precisa que ela faça aquilo. É o momento, é a hora, é a oportunidade. Se não for naquele momento, acabou. E você vai ter que contar a história – disse.

Zé Roberto conta que conheceu o pai da Macris quando atuaram juntos em Santo André:

– Mas, voltando, a Macris tem uma coisa interessante. A Macris nasceu em São Caetano. Eu fui para Santo André com 12 anos, comecei a jogar voleibol com 13. O pai da Macris jogou comigo. Eu saí de Santo André com 26 anos. O pai da Madris era um bom jogador. Não assim no estilo William, no nível desse cara, mas era ótimo tocador de violão, bom de grupo, muito fora de série, brilhante companheiro… E a nossa vida segue, depois de Santo André eu fui para a Itália, e eu soube que ele teve uma filha. E a vida seguiu e depois eu vejo essa menina jogando em São Caetano, levantadora, mas nunca me passou pela cabeça que era filha dele. E um dia conversando com o Wagão, fiquei sabendo que era filha do meu amigo e comecei a acompanhar com carinho. Mas, a Macris tinha coisas de tipo: tomava uma bronca e chorava…. mas também muito precisa nos levantamentos, bom… Depois disso a vida nos juntou na Seleção Brasileira. Sempre tive um carinho grande e tentei preparar a Macris não só para o vôlei, mas para a vida. Também não fui nunca um cara que passou a mão na cabeça dela. Sempre cobrei muito. Lembro de uma final do Pan-Americano contra os Estados Unidos e a Joycinha estava noa posição 4 e a Macris levantando … E eu dei uma bronca na Joycinha falando que ela tinha de entrar mais assim na bola e quando eu olho, a Macris chorando, aí eu falei: “Pô, Macris, eu não estou dando bronca em você”. Aí já pensou se isso acontece no meio dos Jogos Olímpicos?

Zé Roberto diz que, desde então, Macris, 31 anos, 1,78m, vem amadurecendo e evoluindo. E que ainda pode crescer mais:

– Então, sempre essa foi uma preocupação que eu tive com ela. O que aconteceu com essa menina? Ela foi melhorando, foi crescendo, amadurecendo… e hoje ela é uma levantadora pronta, muito boa, só que, como técnico de Seleção, vou continuar cobrando dela, apesar de ter sido amigo do pai dela, de ter um apreço muito grande. A Macris, ainda, na minha opinião, tem de melhorar em determinadas coisas. Como levantadora, ela ainda precisa defender mais. Então, não posso passar a mão na cabeça dela. E acho que ela tem jogado muito bem. Largada de segunda, levantamento com uma mão só, tem de fazer quando necessário, quando a situação te obriga a fazer. Não faça por fazer. Deixe que a coisa aconteça. Ela tem condição de ser uma das melhores do mundo, pelo jeito dela de ser, pelo que ela treina, o tanto que ela é aplicada, o tanto que é caxias, ela é muito boa – completou o treinador.

Veja, abaixo, a entrevista na íntegra: