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Coluna - Destaques - 14 de setembro de 2019

Coluna: Dinheiro chinês desequilibra a VNL


A criação de um produto novo para o vôlei, unificando os antigos Grand Prix e Liga Mundial, com identidade visual moderna, produção e distribuição das imagens de TV para os quatro cantos do mundo, além da busca por unir cada vez mais o esporte e entretenimento… As premissas do plano de negócios da Liga das Nações (VNL) fazem todo o sentido. Mas existe um ponto em especial do “business” que precisa ser revisto pela Federação Internacional para que haja mais justiça esportiva.

A possibilidade de cada país participante pleitear a organização de várias etapas (logicamente com garantias financeiras) cria distorções claras e, consequentemente, um desequilíbrio entre os mais ricos e os mais pobres. Nesta sexta-feira, ao divulgar as sedes de cada quadrangular da edição de 2020 da VNL feminina, a FIVB confirmou a China como organizadora de cinco etapas na fase de classificação, além de mais uma vez ser a sede das finais.

Ou seja: a seleção chinesa jogará toda a competição em casa, com deslocamentos apenas entre as diferentes sedes a cada semana. E não me venham dizer que Macau e Hong Kong, duas delas, não são consideradas chinesas.

É uma vantagem enorme em comparação com qualquer outro concorrente. E isso em um ano olímpico certamente fará uma diferença enorme. Apenas para exemplificar com um caso, o da Turquia. O time europeu estreará na Itália, entre 19 e 21 de maio. Na semana seguinte, jogará uma etapa na China. Entre 2 e 4 de junho, será dono da casa em uma etapa. Na sequência, viajará para os Estados Unidos. Já o último quadrangular será na Coreia do Sul. Partidas em três continentes diferentes na fase de classificação.

É a tal da distorção econômica com reflexo na parte técnica do jogo.

Para organizar uma etapa da VNL o país precisa investir de aproximadamente de US$ 350 mil, quase R$ 1,5 milhão. Deste valor, existe uma taxa fixa para FIVB e demais custos do caderno de encargos: hospedagem, alimentação e transporte das quatro seleções, além da arbitragem. Multiplique esse valor por cinco para entender o poderio econômico chinês também no vôlei. Ah, e não esqueça que o hexagonal final também será no país e é bem mais caro do que uma etapa normal.

Até mesmo no masculino, com um time de terceiro nível no cenário internacional, a China investe. Ela organizará três etapas da fase inicial da próxima VNL.

Apenas ao colocar um limite de etapas organizadas por país a FIVB evitará um desequilíbrio tão grande.

TEXTO DE DANIEL BORTOLETTO PUBLICADO INICIALMENTE NO LANCE!

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