Luizomar e Isabel relembram Fla x Vasco da final de 2000/01
Luizomar de Moura e Isabel, respectivamente técnicos de Flamengo e Vasco na final da Superliga Feminina 2000/2001 relembraram o jogo histórico em live com o comentarista do SporTV Marco Freitas, num bate papo de muitas histórias e boas risadas no site do globoesporte.com na sexta-feira (31.07).
O SporTV 3 reprisa o clássico que atravessou o campo e sacudiu o Maracanãzinho, neste sábado (01.08), a partir das 17h30. Diante de 9 mil torcedores, o Flamengo de Leila, Virna, Valeskinha, Arlene e da levantadora Gisele derrotou o Vasco de Fernanda Venturini, Márcia Fui, Ida e Fabi por 3 sets a 2, no quarto jogo da série melhor de cinco, encerrando o playoff em 3 a 1.
No primeiro jogo da série, o Rubro-Negro ganhou por 3 sets a 1, mas o Vasco venceu a segunda partida por 3 a 0. No terceiro jogo, o Fla derrotou o rival por 3 a 1. Os dois times enfrentaram, na época, problemas com atrasos no pagamento dos salários. Em live recentemente, Venturini contou que o Vasco ainda não pagou toda a dívida com ela, quase 20 anos depois.
O quarto jogo foi o mais emocionante da série decisiva. Diante de quase dez mil torcedores no Maracanãzinho, o Flamengo venceu o Vasco por 3 sets a 2, e levantou o caneco em uma final que entrou para a história da Superliga Feminina de Vôlei. O jogo é reprisado na semana em que o Rubro-Negro apresentou seu novo time para a Superliga 2020/2021, o Sesc RJ/Flamengo.
Isabel, rubro-negra de coração, lembra como foi a derrota e como era estar do outro lado da quadra:
– Pra falar a verdade eu não lembro muito não (risos). Tento esquecer porque foi muito difícil, muito dura, e ao mesmo tempo foi muito especial. Um momento que você teve no voleibol uma partida como aquela, em um estádio lotado, Maracanãzinho cheio, com duas torcidas muito populares. Foi lindo e foi triste. Mas o Luizomar conduziu melhor e está aí a vitória do Flamengo que foi histórica – admitiu a ex-camisa 7 da Seleção Brasileira, uma das jogadoras mais importantes da história do voleibol verde-amarelo.
Se Isabel já tinha uma carreira consagrada, o pernambucano Luizomar de Moura – hoje tricampeão da Superliga, uma vez com o Flamengo e duas com Osasco – fazia, naquela temporada, a sua estreia como treinador. Ele aceitou o convite de Virna, quatro vezes campeã no Grand Prix e bronze nos Jogos de Atlanta-1996 e Sydney-2000.
– Eu nem pensei muito. Talvez, se eu tivesse pensado, eu não tivesse feito (risos). Eu aceitei de bate-pronto e fui embora. Eu lembro que na primeira semana no Flamengo, para montar os treinamentos, eu vinha de grandes estruturas como BCN Osasco, Leites Nestlé, eu cheguei ali com um pensamento e tive de começar a exercer o jeitão do convencimento…. demos uma organizada no ginásio antigo, a gente pediu, os caras deram uma lixada no piso… e a gente foi – contou.
– Essa final foi muito especial, nós vencemos o Minas na semifinal, em cinco jogos. Eu não tinha um padrinho. Aceitei o convite, mas meus dois treinadores, que eu tinha sido assistente, foram meus adversários, o William, no Minas, e o Sérgio Negrão, no BCN. E no Rio, tinha o questionamento, né? Por que um cara paulista, de São Paulo, com tantos treinadores bons que o Rio tinha? Então eu não tive vida fácil, até em algum jogo, quando eu ia cumprimentar treinadores, o pessoal sempre mantinha uma distância – lembrou Luizomar.
Isabel relembrou como a falta de pagamento dos salários repercutiu em quadra naquela decisão:
– Tudo de bom que acontece no futebol e tudo de ruim aconteceu naquele jogo, naquela temporada. O futebol tem um perfil diferente do vôlei, uma maneira diferente. Na véspera do jogo a gente teve problema, teve problema de pagamento, foi quando o Vasco pagou de pagar, lidar com aquela atmosfera foi difícil. Não foi uma desculpa para a derrota, mas foi uma atmosfera do que a gente estava vivendo. Eu prefiro as grandes emoções do que aquela morna. Então valeu. Perder é duro, mas é isso. O Flamengo também viveu isso, mas acho que o grupo delas soube lidar melhor -, contou Isabel.
– Eu nem vejo. Tem lances do jogo…. Luizomar deve adorar rever, eu deixo rolar (risos). É legal ver a energia das torcidas presentes no Maracanãzinho, tão presentes num jogo de vôlei. Foi mesmo um momento único para o voleibol – disse a ex-ponteira da Seleção.