Navajas sobre o novo EMS/Taubaté: “Agora vai ter atitude e um time titular definido”
Rodízio promovido por Castellani foi criticado pelo dirigente/técnico interino
O diretor-técnico do EMS/Taubaté/Funvic, Ricardo Navajas, deu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, explicando os motivos da demissão do técnico argentino Daniel Castellani do comando da equipe, na última quinta-feira, após a quarta colocação na Copa Libertadores.
Navajas, vitorioso em sua longa passagem por Suzano, na década de 1990, vai assumir o time interinamente até o final da Superliga Cimed 2018/2019. Ele fez questão, porém, de enfatizar que não tem a intenção de ser o treinador permanente do time. O próximo adversário do Taubaté é o Vôlei Um/Itapetininga, neste sábado, às 18h30, em casa.
A fase final da Libertadores aconteceu no Ginásio Abaeté, na terça e quarta-feira passadas. Mesmo jogando em casa, diante da sua torcida, o time anfitrião, que conta com estrelas como Lucão, Lucarelli, Leandro Vissoto e Douglas Souza – além dos argentinos Conte e Uriarte – perdeu seus dois jogos: a semifinal, para o Bolívar Voley (ARG), e a disputa do terceiro lugar, para o rival Sesi-SP, por 3 sets a 2, de virada, depois de estar vencendo por 2 sets a 0.
O Taubaté só se classificou para a fase decisiva por ser a sede do evento, já que terminou e etapa classificatória na quinta colocação e não entre os quatro, que teriam o direito à classificação. Além disso, o time já tinha sido eliminado da Copa Brasil, no final de janeiro, com uma derrota para o Fiat/Minas, também de virada, em Lages (SC), na semifinal, sendo que o time mineiro tem um investimento muito menor que o de Taubaté na temporada.
– O trabalho com Castellani não fluiu. Montamos uma equipe forte e competitiva para ganhar. Quando você tem um time como esse, você tem de ganhar, não tem jeito. Esporte de alto rendimento funciona dessa forma. Até porque, você não consegue trocar ninguém que jogue nesse momento da temporada. Então, acaba estourando a responsabilidade em cima do técnico. A expectativa na Copa Libertadores era de que a equipe se sagrasse campeã, que chegasse à final. Na Copa Brasil, a mesma coisa. E isso não aconteceu, então a diretoria tomou a decisão de trocar o técnico no momento. Não podemos trocar os jogadores, então trocamos o técnico – disse.
Navajas admitiu que o fato de ter muitos bons jogadores brigando pela mesma posição, caso dos levantadores Rapha e Uriarte, os ponteiros Lucarelli, Douglas Souza e Conte e os opostos Leandro Vissoto e Abouba, acabou sendo um problema para o time nesta temporada:
– Conversamos com a comissão técnica, vimos que um dos problemas era esse: não havia uma definição da equipe titular. Então, o que vamos fazer, em primeiro lugar, é definir a equipe que começa jogando.
Navajas falou ainda sobre uma possível má convivência entre os jogadores:
– Eu não vivia o dia-a-dia do time. Fui colocado à parte pelo próprio Castellani, que não queria a minha supervisão e a diretoria me afastou. Eu estava fazendo apenas a parte administrativa e exercendo o cargo da presidência da Associação Esportiva Vôlei de Taubaté. Não estava presente na direção técnica. Então não posso responder se o ambiente do time era bom ou ruim. Me pediram para eu ficar fora do lado técnico. No começo eu resisti um pouco, mas entendi, foi um pedido da diretoria e eu me afastei. Mas, posso falar pela minha experiência, como técnico que eu já fui, que uma equipe que tem vários jogadores, muitas estrelas e muito atletas de alto nível, como é o nosso caso, sempre tem esse problema. A vaidade é difícil de administrar. Quando se tem oito, nove jogadores no mesmo nível, os oito, nove, querem jogar. E a partir de agora não vai mais acontecer isso. Vão jogar 7 – contando com o líbero – determinou o diretor.
– Existem situações em que você tem de ter o líder. Tem de ter o titular e tem de ter o segundo da posição. Não é nosso caso com os levantadores. São dois jogadores do mesmo nível, são dois bons levantadores, dois atletas que querem jogar e esse é um dos problemas difíceis de administrar. Se você define que um vai jogar, desagrada o outro Isso é um problema. Aliás, esse é o maior problema da equipe. Nas outras posições, com 4 ponteiros, 5 ponteiros, já temos mais ou menos uma definição. Os três que são de maior destaque sabem que vão jogar uma hora ou outra, como também é o caso de oposto (Vissoto e Abouba) – continua Navajas.
Ele seguiu explicando a situação entre os levantadores Rapha e Uriarte.
– Os dois levantadores são bons, mas essa foi a opção do técnico que estava trabalhando e agora vamos ter de definir, encerrar esse assunto e lidar bem com a situação. Vamos escolher um e vai desagradar o outro, não tem jeito. Mas, temos um compromisso que é ganhar a Superliga. Se eles entenderem isso a gente tem uma chance de ganhar a Superliga. Se eles não entenderem, a nossa chance se reduz muito, porque é uma posição estratégica. Os dois são bons jogadores, o que dificulta ainda mais. Espero que eles entendam. Que o que fique fora entenda. É uma vantagem ter dois bons levantadores, mas o problema é convencer aquele que não vai jogar.
Navajas disse também que faltou atitude ao time, na opinião dele:
– Vou auxiliar nos treinos e desenvolver a agressividade dos jogadores. Eles não têm comprometimento com Taubaté. E isso é algo que eu sei fazer bem. Vivi a minha vida inteira comprometido com a cidade de Suzano, que é muito menor que Taubaté e a pressão era absurda. Se eu perdesse, era certeza que o meu carro estaria riscado no estacionamento. A torcida jogava moeda nos jogadores, dinheiro na quadra. Em Taubaté também tem pressão e a cidade cobra comprometimento. E não tivemos até agora. Isso precisa ser desenvolvido. Ganhar ou perder, faz parte. Mas tem de ter atitude.
Apesar de ter sido treinador durante mais de 20 anos, jogando em alto nível, e levando com mãos de ferro o projeto vitorioso de Suzano no vôlei masculino, Navajas diz que não pretende assumir o time definitivamente, na próxima temporada.
– Quem vai assumir o time daqui pra frente será a comissão técnica. Eu vou ajudar. Há nove anos eu deixei uma carreira de 20 anos no vôlei de alto rendimento, com uma pressão tremenda. Tomei uma decisão aos 52 anos, parei cedo, mas parei porque assumi um cargo no futebol (no Santos) e porque não queria mais aquilo. É muito complicado, desgastante. Até o dia 12 de maio, último jogo da Superliga, o jogo da final, vou cumprir a ordem a diretoria. Não foi muito bacana, não foi uma conversa muito amigável, mas o que eu posso fazer? Sou funcionário… Vamos fazer de tudo para que Taubaté esteja na final, no dia 12 de maio, contra quem quer que seja. Eles estão cientes disso. O objetivo agora é ter todo o empenho para chegar à decisão. Se vão ganhar ou perder, é consequência.
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