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Coluna - Destaques - Mundial de Clubes - 13 de dezembro de 2022

Mundial foi um choque de realidade

Daniel Bortoletto faz uma análise do nível de brasileiros e europeus no Mundial de clubes


O Campeonato Mundial masculino de clubes de 2022 foi um baque para muita gente. Cinco duelos entre Brasil x Itália, com cinco vitórias dos europeus, com apenas um set vencido pelos times locais. Existe mesmo um abismo entre equipes brasileiras e italianas neste momento?

Hoje, existe sim. Os primeiros colocados da nossa Superliga não conseguiram equilibrar os jogos com Perugia e Trentino. E essa opinião não é apenas sim, mas compartilhada pelos próprios representantes de Sada Cruzeiro, Itambé Minas e Vôlei Renata, ouvidos nos últimos dias em Betim.

Em alguns momentos dos jogos, os italianos inclusive “tiraram o pé do acelerador”, vendo que não era preciso imprimir força máxima após uma abertura de diferença mais cômoda no placar. Uma informação após estudo do Sada Cruzeiro sobre o Perugia ajuda a entender tal cenário. Em oito jogos do início da temporada estudados do time que viria a ser campeão, Leon tinha tirado a força do saque em apenas um. Na primeira fase do Mundial, ele “flutuou” diversas vezes.

Na conversa com representantes dos times brasileiros, nos últimos dias, alguns pontos ficaram claros:

– O time reserva do Perugia seria candidato ao título da nossa Superliga. Quase todos os atletas do banco são ou já foram selecionáveis mundo afora. Mostra o quanto o elenco, repleto de estrelas, é muito acima da curva.

– O Brasil não está “acostumado” com o ritmo de saque dos estrangeiros. O jogo fica muito mais pesado, desestrutura o sistema e obriga uma tentativa de ser igualado na força, ocasionando muitos erros.

– Com o passar tempo, será preciso enfrentar mais vezes times deste quilate para tentar diminuir o desnível técnico. Tal intercâmbio poderia ajudar na aceleração do processo de maturação dos jovens.

– Nossa Superliga não pode servir como parâmetro exclusivo para saber se um time brasileiro está pronto para uma competição internacional.

Isso quer dizer que nenhum time brasileiro voltará a ser campeão do mundo? Não! O próprio Cruzeiro, no ano passado, jogou demais contra o mesmo Trentino e contra o Civitanova. Merecidamente ficou com o título, mas jogou com um padrão de saque e ataque altíssimo. Em 2022, não repetiu o nível e ficou para trás.

E outra pergunta já feita na live de segunda-feira do Web Vôlei: no Mundial feminino será igual? Sim, talvez um pouco pior, já que Dentil Praia Clube e Gerdau Minas terão três rivais europeus de altíssimo nível (no masculino eram dois). As equipes mineiras, no papel, podem fazer frente. A tarefa, na prática, porém, é das mais difíceis diante de potências como Vakifbank, Conegliano e Eczacibasi.

Por Daniel Bortoletto