Douglas Souza explica constrangimento no aeroporto
Douglas conta ter passado por constrangimento em Amsterdã, antes do embarque para a Itália
O ponteiro brasileiro Douglas Souza explicou, nesta quarta-feira, a confusão que aconteceu no Aeroporto de Amsterdã, na terça-feira (07.08) e que atrasou quase em um dia a sua apresentação ao seu novo clube, o Vibo Valentia, da Itália.
Douglas chegou hoje à Itália, mas contou ter passado por constrangimento após atitudes homofóbicas de autoridades no Aeroporto de Amsterdã, onde fazia conexão antes de embarcar para Roma e, de lá, seguir de carro para o destino final.
O campeão olímpico contou toda a saga e a situação embaraçosa vivida ao lado do namorado Gabriel. Segundo o relato, eles ficaram mais de 15 horas em uma sala aguardando a liberação para o embarque e o motivo teria sido a homofobia. Eles só foram liberados às 23h de terça-feira, quando já não havia mais voo para Roma e eles tiveram de dormir no chão do setor de embarque até pegar a primeira aeronave para a capital italiana, às 7h.
Leia, abaixo, os principais trechos do relato feito por Douglas Souza em seu perfil no Instagram:
“A gente pegou um voo de São Paulo/Guarulhos para Amsterdã e, lá, passamos por um controle de passaporte pra ir a Roma. Nessa hora, o cara perguntou, de boa, o que eu iria fazer na Itália, e eu expliquei que eu era jogador de vôlei. Perguntou o que o Gabriel iria fazer lá, eu falei que ele era o meu namorado e mostrei o documento que nós temos que comprova a união estável. Expliquei que ele estava indo me acompanhar e que iria trabalhar. E, nesse momento, a expressão dele mudou. Ele ligou para outro cara e falou que esse cara iria cuidar da gente”, contou Douglas.
“Ele levou a gente para um lugar do lado da fila de passaporte e largou a gente ali durante umas cinco horas, não dava nenhum tipo de explicação. E aí bateram de novo na tecla do Gabriel, eles não entendiam de jeito nenhum que ele era namorado. Não queriam deixar o Gabriel passar. Perguntou se o meu clube sabia que o Gabriel iria morar comigo, eu disse que sim, aí eles me deixaram mais um tempo sozinho”, continuou o campeão olímpico.
“E eu percebi um certo padrão. As cerca de 20 pessoas que estavam ali tinham um padrão, das 20, 18 pessoas eram pretos ou latinos. A gente ficou literalmente o dia inteiro lá sentado esperando e quando deu 11h da noite, quando já tinha fechado o aeroporto, e não tinha mais voo para Roma, eles liberaram a gente. Não tinha nem como mais sair dali e ir para um hotel. Foi uma situação muito estranha. Ficamos muito fragilizados, porque a gente estava lidando com a polícia. Eu só continuei ali porque estava a trabalho. Se fosse uma viagem a turismo eu tinha ido embora. Isso durou umas 15 horas. Eu não achei nada normal essa situação. Eu sei o olhar e o jeito que trataram a mim e ao meu namorado e foi muito constrangedor. Eu sou acostumado a viajar e foi a primeira vez que aconteceu isso. Eu quis falar porque as pessoas colocam debaixo do tapete. Mas tinha mais pessoas que perceberam esse padrão de comportamento. Bom, felizmente já passou. Meu clube não teve nada a ver com isso. Eu sei que a gente vai passar por problemas como esse, mas a gente tem de falar. Agora quero encerrar esse assunto, não quero ficar falando porque gosto de manter minha energia. Quero agradecer o apoio e carinho de todos. Obrigado pela preocupação e pelo apoio de sempre”, disse o ponteiro brasileiro.
Maurício Borges já se apresentou ao clube no final da semana passada. O central Flávio deve chegar até a próxima segunda.