Carol Solberg
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Praia - 28 de setembro de 2020

“Fora, Bolsonaro!” de Carol será julgado pelo STJD

Denúncia aconteceu nesta segunda-feira


O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei denunciou, nesta segunda-feira, a jogadora Carol Solberg por conta do grito “Fora, Bolsonaro!” durante entrevista ao SporTV, ao término da disputa pelo terceiro lugar da primeira etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, duas semanas atrás.

Após intimar a atleta, o SJTD marcará uma data para o julgamento. Carol Solberg foi denunciada em dois artigos: o 191 e 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O primeiro por descumprimento do regulamento da competição, com previsão de multa de R$ 100 a R$ 100 mil, e o outro por atitude antidesportiva: “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva”, com multa de suspensão de 15 a 180 dias ou um a seis jogos, com possibilidade de a pena ser substituída por advertência.

De acordo com o Blog do Juca, no Uol, Carol Solberg será defendida por Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Na semana passada, Carol Solberg usou as redes sociais para se posicionar sobre a visão sobre esporte e política.

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Esse episódio que vivi ao longo dessa última semana me fez pensar muito sobre o porquê de tantas pessoas acharem que política e esporte não devem se misturar. A própria Comissão de Atletas do Vôlei de Praia emitiu uma nota dizendo que lutará para silenciar os atletas. Acredito que está mais do que na hora de refletirmos sobre isso e tentarmos entender de onde vem essa máxima. Quem disse que atleta não pode se manifestar politicamente? Quem disse que esporte é só entretenimento? Estamos ali só para correr atrás de uma bola e vivermos alienados do mundo? O atleta não é um cidadão como outro qualquer? Eu acredito que esporte e política podem e devem andar juntos, simplesmente pelo fato de que é impossível dissociar um do outro. Quando você vê uma iraniana lutando para que mulheres possam frequentar estádios de futebol, isso é política. Quando a ONU tem programas esportivos em zonas de guerra e vulnerabilidade social, isso é política. A falta de investimentos em quadras poliesportivas nas escolas, é política. Quando Nelson Mandela usou o rugby para unir negros e brancos na África do Sul, isso é política. Um dos caras responsáveis por esse equivocado legado histórico de que atletas não podem se manifestar politicamente é Avery Brundage, presidente do COI de 1952 a 1972. Homem branco, racista, sexista e antisemita, Avery foi membro do Comitê Olímpico dos Estados Unidos e se posicionou contra um boicote americano aos Jogos de Berlim 1936, organizado pelo regime nazista de Hitler. Ele afirmou que não havia espaço para política nas Olimpíadas, mesmo sabendo que os atletas judeus da delegação alemã tinham sido banidos de participarem do evento. Foi esse mesmo homem que expulsou, das olimpíadas de 1968, Tommie Smith e John Carlos, velocistas americanos que, ao subirem no pódio, ergueram os punhos, fazendo o gesto dos panteras negras, que simbolizava a luta pelos direitos do negros. O tempo provou que Avery Brundage esteve sempre do lado errado da história, e o museu de arte asiática de São Francisco, retirou do seu hall de entrada o busto de seu patrono. Acho que é urgente refletirmos sobre isso e * (continua nos comentários…)

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