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Destaques - Entrevista - Seleção Brasileira - 18 de outubro de 2022

Gattaz vê evolução, mas admite derrota das mais doloridas

Meio de rede fez um balanço do Mundial e do atual trabalho da Seleção feminina


Foram mais de 40 horas de viagem, com voos atrasados e escalas longas na Europa. Ao desembarcar no Brasil, nesta segunda-feira, Carol Gattaz fez um balanço da participação da Seleção Brasileira no Campeonato Mundial, uma análise do trabalho neste início de ciclo olímpico e apontou fatores a melhorar para a sequência do trabalho.

Com agora três medalhas de Mundiais no currículo, Carol Gattaz admite ver um elenco diferente para ser trabalhado por José Roberto Guimarães até Paris-2024, cada vez mais maduro para alçar voos mais altos.

Confira os temas principais abordados por Gattaz na entrevista:

DERROTA PARA A SÉRVIA NA FINAL

Talvez tenha sido uma das derrotas mais doloridas para mim. Porque esse grupo estava preparado. Foi um golpe duro porque a gente estava preparado para ganhar essa medalha de ouro. Realmente a gente entrou em quadra muito confiante de que poderia ganhar. E depois que perdemos o primeiro set, não conseguimos voltar para dentro da quadra. Não pela gente, mas porque a Sérvia dominou totalmente o jogo. Então foi mérito delas. Acho que o primeiro set poderia ter mudado um pouco a história do jogo, mas eu não sei se depois, no final, mudaria o jogo. Claro, fica aquela frustração de que a gente poderia ter jogado mais, mas, ao mesmo tempo, muito feliz com o que o grupo conquistou.

SEQUÊNCIA DE FINAIS DO BRASIL

A gente vê a prata como algo menor, mas foi uma medalha muito importante para o vôlei brasileiro e para a gente. Estamos conquistando pratas seguidas, falta um pouco para o ouro, mas, por outro lado, a gente está pegando todas as finais, algo que nenhuma seleção no mundo conseguiu. Nem os Estados Unidos, que eram os favoritos para ganhar tudo, ou a Itália, também sempre favorita, nem a Sérvia chegou na final da Liga das Nações. Então, essa prata é um motivo de muito orgulho. Pela medalha, pelo grupo que vem se formando, foi muito incrível. Quem estava lá, sentia a energia desse grupo porque, realmente, foi muito diferente. Todo mundo se doando, as atletas e a comissão técnica muito conectadas, então acho que a gente tem que comemorar muito essa prata.

O CICLO PARIS-2024

Tivemos resultados até bem antes do que todos esperavam. Há alguns anos, a gente falava: “A partir de 2020, a gente não sabe como vai ser o vôlei brasileiro”. E olha que surpresa boa, todos os campeonatos que disputamos, chegamos à final. Mas isso tudo por causa do trabalho do Zé Roberto e de toda a comissão técnica que já vem desenvolvendo de antes. Isso é muito importante, essa é uma lição que tem que ficar, e que vai continuar. O vôlei de hoje em dia é muito difícil, as equipes estão muito parelhas, então a gente tem que se reinventar todos os dias. Tem que treinar muito, trabalhar muito, e o bom é que esse grupo gosta disso. A gente se doa o tempo inteiro, a gente ama o que faz, então a gente vai trabalhar. É o que podemos prometer para todos. Vamos continuar honrando essa camisa do Brasil, como já fizemos e vamos continuar fazendo todos os dias.

VOLTA DE GATTAZ À SELEÇÃO APÓS TÓQUIO-2021

É um aprendizado muito grande para mim, em particular, mas, talvez, por ser a mais experiente do grupo, é a minha terceira prata em Mundial (as outras medalhas de Gattaz foram em 2006 e 2010), eu vejo muitas lições importantes que o Zé leva pra gente a todo o momento. E essa é mais uma lição. A gente precisa ficar o tempo inteiro focada, trabalhando, não que a gente não esteja, mas a gente precisa dar algo mais. Ainda não sei a lição que fica como um todo para o grupo, mas a gente precisa cometer menos erros, ser mais incisivas em alguns ataques, em algumas bolas e, talvez, em algumas jogadoras, falte um pouco de experiência, falte um pouco mais de calma na hora H, e falo isso de uma maneira geral, para todo o grupo, inclusive para mim. Mas o que o Zé traz de aprendizado ali dentro, fica para o futuro. O vôlei brasileiro não se diminui com essa prata, muito pelo contrário, a gente vê um futuro brilhante pela frente.

SINTONIA DO GRUPO ATUAL

Acho muito importante as meninas mais novas terem contato com as mais experientes, como eu, a Gabi, que está sendo uma capitã excelente, um exemplo dentro e fora de quadra, a Carol, que vem se tornando uma líder incrível, outras jogadoras são líderes dentro do grupo, mas acho que essas jogadoras mais jovens, tendo esses espelhos, fica mais tarde para a continuidade, porque a gente sabe que ninguém é eterno ali dentro, mas elas vão representar o Brasil por muitos anos. O Zé Roberto mesmo falou como vê o grupo se cuidando de forma diferente de anos anteriores, nunca teve isso na Seleção. Então é muito importante as mais novas aprenderem isso desde cedo. Talvez esse seja um diferencial para esse grupo. É muito importante ter esse desenvolvimento. Quem acompanhou o campeonato, viu que o time titular foi diferente em várias etapas, todas tiveram oportunidades de jogar, mas cada uma pode sentir o que é a Seleção Brasileira e todas saíram com mais experiência, com essa bagagem para levar para o futuro.

Sabe onde elas jogarão após o Mundial?