Sombra Leon
Home Mundial de Clubes “Sombra” brasileira de Leon herda medalha e ganha elogios
Mundial de Clubes - 11 de dezembro de 2022

“Sombra” brasileira de Leon herda medalha e ganha elogios

Leon fez questão de dar a medalha de ouro do Mundial para o fisioterapeuta Rogério Guedes


Minutos após levantar o troféu de campeão mundial de clubes, em Betim, neste domingo (11/12), Wilfredo Leon seguia com sorriso no rosto. Mas sem a medalha no pescoço. O capitão do Perugia resolveu presentear um brasileiro com a premiação: Rogério Guedes ou o “Sombra”, pouco depois de erguer o troféu.

O fisioterapeuta acompanha Leon desde junho, quando o craque iniciou um trabalho de recuperação após operar o joelho. Rogério deixou o Brasil rumo à Polônia. Toda a estrutura foi montada na casa do jogador em Varsóvia. E a partir daquele momento Leon ganhou uma sombra verde-amarela. Com tratamento diário em três períodos, eles buscavam uma reabilitação em tempo recorde para o ponteiro estar à disposição do técnico Nikola Grbic para a disputa do Mundial de seleções, em agosto. O impossível, por pouco, não virou realidade.

– A gente chegou com a perspectiva de seguir o protocolo proposto pela parte médica de três meses e esse prazo era inviável, impossível para disputar o Mundial. Mas, respeitando a condição física dele, com tratamento 24 horas, a gente conseguiu deixar ele apto a saltar antes do tempo previsto, de se apresentar para a seleção da Polônia. Mas o técnico no final das contas preferiu não usá-lo e protegê-lo, pensando nos outros campeonatos – disse Rogério, em conversa com o Web Vôlei em Betim.

Mas o que o fisioterapeuta fazia em Minas para o Mundial de Clubes, após já ter terminado o trabalho de recuperação pós-cirúrgica de Leon? O cubano naturalizado polonês, muito satisfeito com Rogério, resolveu contratá-lo para toda a temporada de clubes. O brasileiro, então, se mudou para Perugia, trabalhando agora uniformizado na delegação do time italiano.

– Como ele teve esse êxito na recuperação, começou a tentar achar uma brecha na situação para me levar para o Perugia. Foi muito pelo resultado desses primeiros meses para que o clube optasse pela minha contratação. Eu sempre falo com minha família, meus amigos, até com o próprio Leon. Antes parecia uma coisa surreal tratar o melhor jogador do mundo, estar nas melhores equipes do mundo, parecia distante e de um dia para o outro você se vê dentro disso. Me vejo ao lado de grandes atletas, profissionais, dirigentes e hoje estou vivendo isso – conta o brasileiro, com passagens recentes por Taubaté e pelo Minas.

Quando o Perugia entra em quadra, Leon faz parte do aquecimento com os demais atletas. Mas um tempo é reservado para fazer exercícios específicos sob as orientações do fisioterapeuta brasileiro (veja no vídeo abaixo), enquanto o restante do elenco segue com outros profissionais italianos da comissão técnica de Andrea Anastasi.

Os últimos seis meses fizeram a relação profissional de Leon e Rogério virar também pessoal. E os dois deixaram isso muito claro ao Web Vôlei, em entrevistas exclusivas.

– Ele já é um cara da minha família, por tudo que ele fez por mim, pelos meus familiares e agora meu time também. O mínimo que eu poderia fazer era pendurar essa medalha no pescoço dele hoje, pois é muito merecida. Esse título mundial também é dele. Creio que 90% do que faço é graças ao trabalho dele. Rogério tem o reconhecimento de todos em nosso time – disse Leon.

– A fisioterapia tem muito essa característica, existe muito a confiança no tratamento e vira algo interpessoal também. Hoje eu tenho o Leon como amigo. Fui muito bem recebido por todos, a gente passa 24 horas por dia juntos praticamente, ele até brincou que eu sou a sombra dele. Onde ele vai eu estou atrás, carregando algum equipamento, como uma sombra mesmo. Ele é uma pessoa acima da média, muito humano, muito atencioso e hoje o convívio é de amizade mesmo – completou o brasileiro.

Por Daniel Bortoletto, em Betim