Uzelac: “Não esperava ser a maior pontuadora”
Sérvia se diz orgulhosa por feitos na Superliga com o Fluminense e fala sobre o desejo de competir em Paris 2024
A passagem pelo Brasil é uma oportunidade de crescimento para a sérvia Uzelac. Aos 19 anos, a ponteira do Fluminense se mostra determinada a progredir tecnicamente para conquistar espaço na lista de seu país para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Hoje, é a maior pontuadora da Superliga Feminina. Em entrevista ao Mozzart Sport, ela falou sobre a importância, os desafios e as metas relacionados à escolha de sua primeira experiência internacional em clubes.
– Certamente não esperava por isso (ser a maior pontuadora). Queria evoluir com jogadoras mais experientes, mas não imaginava que me destacaria assim. Não tenho atletas da Seleção Brasileira no meu clube, mas jogo contra elas, como a lendária central Thaisa e a oposta Kisy, do Minas. Também tem meninas de outros países. É uma liga forte, tem partidas fortes, então estou feliz por liderar a lista. Sou muito visada no saque, então é bom que esse fundamento também esteja melhorando. Milagrosamente agora tenho a quinta melhor recepção em termos de porcentagem (60%). Cheguei até a estar em terceiro – conta a sérvia.
Os números de Uzelac impressionam mesmo. A atacante marcou até agora 289 pontos e é disparada a principal pontuadora da Superliga. Além disso, tem o melhor saque, com 23 aces, e a quinta melhor recepção, com 60% de positividade.
– Acho que sim, foi uma boa escolha. Eu queria ganhar experiência e aprender algo novo. Significa para mim que a qualidade do voleibol no campeonato é elevada. As condições são ótimas. O meu apartamento fica a dois minutos a pé do clube. As pessoas são boas, querem ajudar no que for preciso. Quanto ao time, ganhamos alguns jogos mais fortes e depois perdemos outros mais fáceis. O que mais cansa são as viagens. Mas estou estudando, trabalhando e treinando duro e me preparando para as Olimpíadas – diz Uzelac.
A jovem ponteira, que passou a figurar na seleção adulta da Sérvia na metade deste ciclo olímpico e impressionou, reconhece que já alcançou uma evolução considerável em seu jogo.
– Tenho certeza. Não foi nada fácil, tive muitos momentos de crise. Leva tempo para uma jovem jogadora se acostumar, conhecer suas companheiras e entrar no sistema de uma seleção forte. Agora, estou começando a entender algumas coisas e por isso mal posso esperar para corrigir os erros que cometi. Ganhei alguma experiência e, com certeza, chegarei mais preparada este ano. Mentalmente mais forte, definitivamente – avalia Uzelac.
Confira outros trechos da entrevista de Uzelac:
Desejo de retornar à seleção sérvia
Apesar de ter chorado e ficado com medo no ano passado, agora que vi como é a temporada no clube no exterior, mal posso esperar para voltar e defender meu país e ter meus amigos e familiares por perto. Estou especialmente motivada, porque é um ano olímpico. Vai ser difícil, todas nós vamos lutar por um lugar no time, porque não é pouca coisa estar lá. Quero muito ser convocada, para isso venho me preparando a temporada toda, estou pensando nisso o tempo todo. Quero estar pronta e mostrar que posso, porque acredito muito que irei às Olimpíadas.
Evolução na recepção
É muito importante melhorar a recepção, porque é algo que precisa ser muito trabalhado. Preciso receber saques constantemente, assumir responsabilidades, estar sob pressão. Aqui tenho o maior número de recepções somadas de toda a liga – mais de 450. As sacadoras são excelentes. Quer dizer que estou indo bem. Vejo progresso e continuarei trabalhando, porque é importante para minha carreira.
Adaptação ao Brasil
Minha mãe esteve comigo no início. Ela facilitou muito os primeiros três meses para mim, me ajudou em tudo e isso fez com que eu não estivesse sozinha. Em geral, o crime está sempre associado ao Rio, mas eu não tive essa impressão. Claro, não vou a lugares distantes, então não tive problemas. Também fui passear à noite na cidade e na praia e estava tudo bem. Quando você se cuida, tudo realmente fica bem. As pessoas são simpáticas, querem ajudar, ficam felizes em conversar com você. Só é difícil porque quase ninguém fala inglês, então você tem que se comunicar com os pés, as mãos, a cabeça… Mas a vida aqui é muito gostosa. Aprendi um pouco o idioma, porque preciso dele nos treinos. No começo eu tive dificuldade para entender qualquer coisa. Era como se eu não tivesse ideia do que estava acontecendo ao meu redor. Agora eu entendo muito e é mais fácil para mim. Não preciso ficar olhando em volta e tentando entender.
Rotina no Rio de Janeiro
Os horários de treino são muito apertados, então não faço muita coisa. Costumamos treinar a partir das 8h e das 16h. Quando chego em casa, almoço e descanso um pouco, e já tenho que ir para o clube de novo. É muito cansativo. E quando tem dias livres, aí estou na praia. Aproveito, deito e bebo uma água de coco.
Apoio do namorado
É muito bom ter alguém comigo no Rio, principalmente porque é meu namorado. Quando chego em casa depois de um treino ou de um jogo, sei que não estou sozinha. Danilo está lá para me ajudar no que eu precisar. É por isso que o Rio não assusta nada. Eu tenho meu próprio guarda-costas. Ele joga futebol e deveria começar a treinar. Estamos felizes por estarmos juntos.
A experiência de ir em um jogo de futebol do Fluminense
Foi muito divertido. Principalmente porque o Fluminense conquistou a Copa Libertadores pela primeira vez na história, então foi uma ótima experiência. Mais de 50 mil pessoas nas arquibancadas, todos torcendo, com certeza um clima inesquecível. Foi lindo e você realmente tem que vivenciar isso.
Sobre estar sendo acompanhada pelo técnico Giovanni Guidetti
Não saberia dizer. Lembro que na primeira parte da temporada ele me ligou. Fizemos um jogo contra o Minas e fiz 31 pontos. Pouco depois foi o Mundial de Clubes, onde o Vakifbank jogaria com o Minas, então o Giovanni assistiu ao jogo por causa disso. Ele me escreveu muito bem e isso significou muito para mim. Fiquei feliz que ele estava assistindo.