Vôlei Renata se agiganta e “acorda” até o Sobrenatural de Almeida
Coluna de Daniel Bortoletto sobre a vaga conquistada pelo Vôlei Renata para a semi
Na obra do genial Nelson Rodrigues, o Sobrenatural de Almeida era o imponderável, personagem responsável por buscar explicação para feitos quase impossíveis, que desafiavam a lógica. A série entre Sada Cruzeiro e Vôlei Renata, pelas quartas de final da Superliga 2023/2024, seria um prato cheio para o cronista redigir algumas linhas brilhantes.
Era o duelo do primeiro contra o oitavo. Vantagem do mando de quadra para os mineiros. Os campineiros com a classificação para os playoffs conquistada na última rodada, no sufoco, perdendo em casa. 21 vitórias e uma derrota como campanha de de um lado. Apenas 9 resultados positivos e 13 negativos de outro. O favorito tendo o maior orçamento do vôlei nacional, com um histórico brilhante de conquistas neste século, acostumado com momentos decisivos como o desta terça-feira. Um prato cheio para Sobrenatural de Almeida…
Nada do que foi citado acima entrou em quadra nas duas partidas no Riacho e também no duelo no Taquaral. As diferenças claras de performance entre os dois times praticamente desapareceram nas quartas de final. Tão acostumado com futebol, Sobrenatural, se caísse de paraquedas no vôlei, talvez não conseguisse distinguir quem era o Sada Cruzeiro e quem era o Vôlei Renata nos três duelos.
E aí entra o mérito de Horacio Dileo, de fazer com que seus comandados acreditassem ser possível fazer o quase impossível. O discurso foi comprado pelos comandados, “uma bola de cada vez, ponto a ponto”, como sempre pede o argentino com seu inconfundível sotaque. E os jogadores mostraram seu melhor vôlei da temporada nesta série de playoffs. Sobrenatural de Almeida pode até perguntar: Tudo isso num passe de mágica? Não, eu diria. Na base da essência do esporte: trabalhar, construir, reconstruir quando preciso e nunca deixar de acreditar.
Por Daniel Bortoletto