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Entrevista - 6 de março de 2019

Um papo com o líbero Serginho, 40 anos e 34 títulos pelo Sada/Cruzeiro

Um dos ícones do projeto, jogador descarta aposentadoria a curto prazo


O sucesso do Sada/Cruzeiro se confunde com a trajetória do líbero Serginho pelo clube. Contratado ao rival Minas em junho de 2010, ele esteve presente em todas as 34 conquistas do projeto desde então. Transformou-se, ao lado do ponta Filipe, em referência, um sinônimo de vitórias e conquistas.

Aos 40 anos, segue mostrando a disposição de um garoto, com a mesma fome de novos títulos, afastando da mente qualquer pensamento de aposentadoria a curto prazo.

Após o título sul-americano conquistado no sábado, em Belo Horizonte, com vitória sobre a UPCN, da Argentina, Serginho falou com o Web Vôlei sobre presente e futuro. Antes da conversa, um gole na garrafa de champanhe levada pelo líbero para a Arena Minas.

– Ninguém sabia. Era uma surpresa que eu trouxe. Vou ver se sobrou um pouquinho aqui na garrafa – disse ele, que fez questão de levar a pequena filha Duda para o pódio.

Segredo do sucesso
Segredo a gente não conta. Eu sou bom para guardar segredo. Mas neste caso é ter pessoas no grupo que fizeram parte do processo desde o início e tem uma identidade grande com o clube, sem perder o foco de vencer. Aqui ninguém se contenta com o que passou.

Os 34 títulos
Se a gente for contabilizar, vai ser preciso parar de jogar, aposentar e depois comemorar os títulos que a gente não conseguiu comemorar, já que é um campeonato atrás do outro. A gente não teve a oportunidade para comemorar como deveria os campeonatos importantes como esse Sul-Americano. Quando parar a gente vai ter uma noção real de tudo o que a gente conseguiu conquistar. A gente sabe que é difícil, tem muito jogador bom por aí. Hoje vemos a ascensão do vôlei argentino. Eles têm três grandes times (Bolívar, UPCN e Obras), conseguem jogar de igual para igual aqui no Brasil.

Comemorar virou rotina para Serginho (Agênciai7/Divulgação)

A remontagem após saídas de Leal, Simon e Uriarte
A identidade do time é o mais importante. Quem vem de fora é incorporado dentro do sistema, com rapidez. Neste anos houve muitas mudanças. Foi um problema a saída inesperada do Simon, ela foi muito prejudicial para o grupo. Se ele tivesse falado antes, a gente teria reconstruído antes da saída. Mas a gente continuou remando, passou dificuldades… A gente vem de um time de futebol, que muitas vezes deixa a torcida tão acostumada a ganhar, um costume que a gente também ajudou a instalar. E eles não têm paciência para esperar os resultados após uma mudança tão drástica e tão grande quanto a última. Viemos caminhando, sempre com os pés no chão. Como diz o nosso presidente, com os pés descalços, sem subir no salto e assim seguimos surpreendendo muita gente. Esse Sul-Americano foi muito difícil, tivemos dois jogos perdendo por 2 a 0 e conseguimos duas viradas inacreditáveis. O adversário pensa que a gente está morto e buscamos um gás extra, apertamos o turbo e damos a volta por cima.

Pressão em Cachopa
Falei diretamente com ele. Se você for pegar no vôlei mundial, poucos atletas tiveram a oportunidade de cair em um clube tão grande jogando como o Cachopa e o Rodriguinho estão tendo. Todos passaram por um processo em times de menor expressão para aprender lidar com cobrança, aprender a jogar, rodar bastante. E eles não tiveram isso. Não me lembro quando o Cachopa jogou o último tie-break da vida antes de começar a ter chance nesta temporada. Ficou muito tempo no banco, depois ficou um ano sem ir para a Seleção. Então não tinha ritmo, não estava incorporado. E o vôlei adulto é muito diferente do juvenil. Eu torço muito por todo mundo, pois a gente tem uma participação direta em tudo que eles fazem no time. Nunca vou me esquivar para deixar um menino na fogueira. Quero que ele cresça, assim como quero que o Rodriguinho cresça. Eu falei pra o Cachopa: “Esqueça a rede social. Muita gente pode elogiar quando estiver bem, ms muita outras vão criticar”. É preciso ter em mente o que está fazendo no treino do dia a dia. Não se achar o melhor do mundo com os elogios e não se achar o pior do mundo com as críticas. Não vão chegar no ápice agora, são jovens, mas com certeza vão se desenvolver muito mais. E seguirão nos ajudando bastante.

Aposentadoria
Eu não penso em parar. Estou muito bem fisicamente. Idade para mim é apenas um número. O número importante é o da estatística. Marcelo (Mendez) faz o acompanhamento com a gente e nosso time evoluiu na defesa, evoluiu no passe. A chegada do Sander foi importante. Leal dava mais força no ataque, mas não é um passador da qualidade do Sander. Rodriguinho também é um bom passador, ao lado do Filipe. Temos uma linha de passe que pode trocar a todo momento. Então não fico pensando em parar. Quero continuar, tenho planos para o futuro. Estou fazendo outras coisas enquanto ainda sou atleta. Tenho uma empresa de intercâmbio esportivo, quero ficar no meio do vôlei quando parar de jogar. Estudei, sou bilíngue, vou seguir minha vida acadêmica enquanto não paro. Sei o quanto é difícil esse mercado fora do esporte.

Homenagem da CBV durante os 25 anos da Superliga (Agência7i/Divulgação)

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