UPCN (ARG) dá show, passa pelo Fiat/Minas, e está na final do Sul-Americano
Não foi a noite do Fiat/Minas. Nada deu certo depois da derrota do primeiro set por 27 a 25, de virada. E, ao contrário, foi a noite do UPCN (ARG), que deu uma verdadeira aula de volume de jogo e eficiência nos contra-ataques.
Apático, longe das atuações empolgantes que fez o time vencer favoritos na Copa Brasil e na Superliga, os mineiros caíram para um adversário indigesto na noite desta sexta-feira. O rival argentino imprimiu um ritmo fortíssimo no saque, pegando tudo na defesa e mostrou um entrosamento imenso entre o levantador Cavanna e seus atacantes – principalmente o oposto polonês Bartman -, derrotando os minastenistas com um impecável 3 sets a 0 (27/25, 25/18 e 25/14), na Arena do Minas, em Belo Horizonte (MG), e está na final do Campeonato Sul-Americano de Clubes.
Os argentinos aguardam agora a definição do adversário na decisão, que sairá do confronto entre Sada/Cruzeiro e Obras San Juan (ARG), daqui a pouco, às 21h30, na Arena do Minas, com transmissão do SporTV 2. A final será neste sábado, às 20h30, também com transmissão pelo SporTV.
O UPCN, terceiro colocado na Liga Argentina – atrás do Bolivar, atual campeão da Libertadores em cima do Sesc RJ mês passado – e do vice-líder Obras San Juan, tem uma equipe que joga junta há muito tempo e o entrosamento ficou visível nas combinações de jogadas nos raros momentos em que passe não chegava na mão do levantador. O volume de jogo impressionou. O treinador Fabian Armoa está no clube há sete anos.
O Minas, ao contrário, não conseguiu passar bem e os atacantes, com exceção de Flávio, o melhor em quadra, estiveram muito abaixo do esperado. Davy começou como titular e Felipe Roque entrou no decorrer da partida, mas erraram muito ou acabavam parando no bloqueio adversário. Depois de jogar bem o primeiro set, de ter o ponto do set nas mãos, a derrota no finalzinho, por 27 a 25 – após dois bons saques de Bartman e do russo Stulenkov – derrubou o emociona dos anfitriões, que não se encontraram mais em quadra.
Um dos destaques do UPCN, o ponteiro brasileiro Guilherme Hage – que é irmão da central Letícia Hage, do Fluminense – comentou a boa atuação do time e falou da escola argentina, de muito volume de jogo:
– Eles (os argentinos) prezam muito a defesa. Eu tenho 2,02m de altura e isso me contagia, me vejo me jogando no chão para buscar a bola, nunca defendi tanto assim. É da escola deles. Às vezes eles preferem não sacar forte, sacar mais taticamente, porque confiam na defesa.
O levantador e capitão do Minas, Marlon, lamentou a derrota e admitiu a má atuação da equipe:
– A equipe do UPCN jogou dentro do padrão de volume de jogo que é padrão do voleibol argentino. Nós temos alguns comandos básicos para que nossa equipe renda e não conseguimos cumprir isso hoje. Não fomos eficientes no passe nem na defesa, justamente porque o nosso saque não entrou. Mas é isso, vamos ver o que precisa ser mudado para os próximos jogos – disse o levantador.
O jogo
O Minas começou perdendo, mas equilibrou o jogo na metade da primeira parcial, após melhorar a virada de bola. Em um ataque pelo meio com Flavio o Minas empatou: 13 a 13. Em um contra-ataque após uma bela defesa de Maique, Davy marcou 21 a 19 e o Minas abriu dois de vantagem pela primeira vez no jogo. Honorato, um dos grandes nomes do set, teve a bola para fazer o 24º ponto, mas encarou um triplo, vindo do fundo, e acabou bloqueado.
Na sequência, Bob também parou no bloqueio de Bartman o UPCN empatou em 23 a 23. Nery pediu tempo e colocou Piá em quadra, mas Bartman, em um míssil pela saída, deixou tudo igual novamente no placar: 24 a 24. Stulenkov fez um ace, abrindo 25 a 24, calando a torcida na arquibancada. Num saque forte de Bartman, o saque do Minas espirrou e a bola foi de graça para o outro lado. Em um ataque do central Ramos, os argentinos fecharam o set em 27 a 25.
Com um saque ineficiente, o Minas não conseguiu incomodar o rival no segundo set. O UPCN, ao contrário, começou parcial da mesma forma que terminou a primeira: forçando o saque e dificultando a distribuição do levantador Marlon, obrigado a jogar com as pontas. Felipe Roque tentou explorar o bloqueio e jogou para fora e Bob ficou no bloqueio. Nesse ritmo, os argentinos abriram quatro pontos de vantagem: 9 a 5. Piá entrou no lugar de Honorato para melhorar o passe e o Minas conseguiu um ponto importante, em um contra-ataque com Bob, diminuindo a diferença para dois pontos.
Em um erro de ataque de Davy o UPCN fez 15 a 11. O técnico Nery Tambeiro trocou o oposto e colocou o gigante Felipe Roque, de 2,18m, em quadra. Ainda com problemas para passar o forte saque argentino, o Minas não conseguia se aproximar no placar e o UPCN abriu 20 a 15 sem muita dificuldade e ampliou com dois bloqueios, o último em cima de Felipe Roque. Os mineiros não conseguiam virar a primeira bola, cedendo contra-ataques para o rivais, que chegaram ao 25 a 18, abrindo 2 sets a 0.
Nery Tambeiro começou o terceiro set com duas mudanças em relação ao time que começou jogando. Felipe Roque foi mantido como oposto substituindo Davy, e Piá na ponta, no lugar de Honorato. Mas, com um volume de jogo incrível, o UPCN não deixava o Minas jogar. fez 8 a 4 em um ritmo avassalador, defendendo muito e mostrando um entrosamento mortal do levantador Cavanna com os atacantes.
A torcida do Minas gritava “Eu acredito”, apostando em uma virada minastenistas, assim como o Sada/Cruzeiro que, na fase classificatória perdia para o UPCN por 2 sets a 0 e virou para 3 a 2. Sem tomar conhecimento dos donos da casa, o time argentino fez 12 a 6. Sem conseguir virar a primeira bola, errando muitos saques e ataques, o Minas não tinha poder de reação e a diferença só aumentou: 18 a 10. Nery tentou de tudo, trocou jogadores, gastou os dois tempos técnicos, mas o time argentino não dava brechas para uma reação. Rapidamente e dando um show na relação bloqueio-defesa, fechou o set em 25 a 14 e o jogo em 3 sets a 0.
Fiat/Minas: Marlon, Davy, Honorato, Bob, Matheus, Flávio e Maique (líbero). Entraram: Rogerinho, Piá, Carísio e Felipe Roque
Técnico: Nery Tambeiro
UPCN: Cavanna, Bartman, Guilherme Hage, Lazo, Stulenkov, Martin Ramos e Salvo (líbero). Entraram: Nielson, Martina e Gomez
Técnico: Fabian Armoa
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